Este artigo documenta um estudo de caso que explora o potencial do sangue do cordão umbilical autólogo (SCU) como terapia de último recurso para falha de enxerto em leucemia pediátrica. Esta abordagem visa tratar complicações após o transplante haploidêntico de células estaminais hematopoiéticas (HSCT), um procedimento frequentemente realizado em pacientes de alto risco com leucemia mieloide aguda (LMA). Embora o HSCT seja geralmente eficaz, a falha de enxerto—quando as células transplantadas não se estabelecem na medula óssea—pode piorar significativamente o prognóstico do paciente, levando a uma maior taxa de morbidade e mortalidade.
O caso envolveu uma menina de 7 anos diagnosticada com LMA do tipo M5, identificada por uma anomalia cromossómica específica. Inicialmente, foi tratada com quimioterapia, atingindo a remissão. Contudo, devido ao seu perfil genético de alto risco, foi submetida a um HSCT utilizando o pai como doador haploidêntico.
Infelizmente, o primeiro HSCT teve sucesso parcial, mas não conseguiu o enxerto completo, levando a um segundo HSCT, que também falhou.
Com opções limitadas e o estado clínico da paciente a deteriorar-se devido a infeções graves, os médicos optaram pela infusão de sangue do cordão umbilical autólogo como último recurso para “salvar” o enxerto.
O sangue do cordão umbilical(SCU) da própria paciente, criopreservado no nascimento, ofereceu uma fonte viável de células estaminais com risco mínimo de rejeição. Quatro semanas após a segunda tentativa de HSCT, o SCU foi infundido, após uma triagem cuidadosa para garantir a ausência de células malignas. Notavelmente, após a infusão de SCU, a paciente mostrou respostas positivas.
Em 75 dias, a sua saúde estabilizou, e 14 meses após a infusão, mantinha-se em remissão.
Este caso destaca a viabilidade e o potencial do SCU autólogo como terapia de salvamento em situações onde os métodos convencionais de enxerto falham. Embora tradicionalmente evitada em casos de malignidade hematológica devido ao risco de reinfusão de células malignas, uma triagem rigorosa torna esta uma opção segura.
O SCU autólogo oferece um caminho alternativo em terapias de salvamento para falhas de enxerto na oncologia pediátrica, podendo ser considerado como resposta de primeira linha em casos específicos de rejeição de enxerto.
Em conclusão, esta pesquisa sublinha o valor do SCU autólogo em cenários clínicos de alto risco, especialmente para jovens pacientes com perfis complexos. Abre a porta para uma aplicação mais abrangente do SCU autólogo em terapias, oferecendo uma opção segura e eficaz para gerir falhas de enxerto em casos pediátricos de LMA.