A psoríase é uma doença inflamatória que se manifesta sobretudo na pele e que resulta de uma desregulação do sistema imunitário (doença autoimune). Para além dos medicamentos de aplicação direta na pele, vários medicamentos biológicos têm sido desenvolvidos com sucesso para o tratamento desta doença, apresentando, no entanto, algumas limitações.
É, assim, necessário encontrar novas opções para o tratamento da psoríase. Como se trata de uma doença que resulta de um desequilíbrio ao nível do sistema imunitário, as células estaminais mesenquimais do cordão umbilical que, pela sua capacidade de regulação do sistema imunitário, têm vindo a ser investigadas em doenças autoimunes, com resultados promissores, foram testadas em doentes com psoríase, no âmbito de um ensaio clínico. Os resultados indicam que estas células têm potencial para o tratamento da psoríase.
O ensaio clínico teve como objetivo investigar a segurança e a eficácia da administração de células estaminais do tecido do cordão umbilical no tratamento de doentes com psoríase que não estavam a conseguir controlar satisfatoriamente a doença recorrendo às opções de tratamento convencionais. Os 17 doentes incluídos no estudo diferiam relativamente à idade (29-55 anos), duração da doença (4-32 anos), índice de massa corporal e gravidade dos sintomas no momento da inclusão no estudo. O tratamento experimental consistiu na administração, por via intravenosa, de quatro doses de células estaminais do tecido do cordão umbilical, com intervalo de duas semanas entre cada uma.
O acompanhamento dos participantes foi feito em várias consultas de seguimento, ao longo de seis meses. Não foram registados efeitos adversos graves relacionados com o tratamento experimental, nem alterações nas análises realizadas aos participantes durante o período de seguimento, pelo que o tratamento com células estaminais do cordão umbilical foi considerado seguro. A avaliação da eficácia incluiu a análise da pontuação de um índice que reflete a extensão e a severidade das lesões na pele antes e 6 meses depois do tratamento com células estaminais. Dos 17 participantes, oito demonstraram melhorias significativas na pontuação desse índice, tendo 47.1% melhorado pelo menos 40%, 35.3% registou melhorias superiores a 75%, e 17.6% melhorou mais de 90%. Nem todos os doentes responderam ao tratamento e o efeito da administração das células estaminais não foi permanente, tendo, por exemplo, dois doentes manifestado recaídas aos 8 e 9 meses depois de terem sido tratados com células estaminais, após terem demonstrado melhorias significativas alguns meses antes.
Deste modo, os autores defendem que deverá ser feita a administração repetida de células estaminais do cordão umbilical para evitar o ressurgimento dos sintomas. Foram observadas alterações significativas nas populações de células do sistema imunitário, que podem explicar o efeito benéfico das células estaminais do cordão umbilical nos doentes que responderam ao tratamento. Para além disso, o tratamento com células estaminais revelou-se mais eficaz em doentes do sexo feminino.
Em conclusão, este estudo mostra que a administração de células estaminais do tecido do cordão umbilical é segura e capaz de reduzir lesões na pele em alguns doentes com psoríase. No entanto, apesar dos resultados promissores, é necessário validar estes resultados em ensaios clínicos controlados com placebo e com um maior número de doentes.
Referência: Cheng L, et al. Human umbilical cord mesenchymal stem cells for psoriasis: a phase 1/2a, single-arm study. Signal Transduct Target Ther. 2022. 7(1):263.