O neuroblastoma é o tumor sólido extracraniano mais comum em crianças, surgindo frequentemente numa glândula adrenal, mas podendo também desenvolver se em tecidos nervosos no pescoço, peito, abdómen ou pélvis.
Dependendo da gravidade, a terapêutica seguida pode ser apenas cirúrgica ou ir até ao tratamento agressivo que inclui quimio- e radio-terapia, auto transplante de células estaminais e imunoterapia, sendo que, em grande parte dos casos, ainda não é eficaz. A quimioterapia mais intensa de combate ao tumor elimina, como efeito secundário, as células estaminais hematopoiéticas (CEH) da medula óssea (MO) tornando necessário um transplante para a reconstituição da mesma. Este transplante pode ser feito com recurso a MO, sangue periférico mobilizado (SPM) ou sangue do cordão umbilical (SCU).
Na revista científica Bone Marrow Transplantation foi descrito recentemente um caso de sucesso de um transplante autólogo de SCU numa criança com neuroblastoma de alto risco estádio 4. Depois da cirurgia e da quimioterapia a que a menina foi submetida, foi feito o transplante autólogo de SCU, dado que este tinha sido criopreservado à nascença num banco familiar. Passados 24 meses do transplante a criança mantinha se saudável. No artigo publicado, os autores comparam este a outros casos de neuroblastoma em que as crianças foram submetidas a auto transplante de SPM e referem as vantagens associadas ao uso de SCU. A recolha e re-infusão de SPM nestes doentes tem o risco associado de potencial re-infusão de células tumorais do neuroblastoma, o que pode contribuir para uma recaída. Usando SCU, em vez de SPM, como fonte de CEH, o risco de contaminação pode ser inferior.
Tanto quanto possível, e no sentido de minimizar a carga tumoral, os regimes de quimioterapia intensiva são atualmente feitos antes da recolha de SPM, o que torna maior o tempo necessário para colher células suficientes para um transplante autólogo de SPM.
Em metade dos doentes tratados por esta equipa, foram necessários mais de 5 dias seguidos para obter células de SPM suficientes. Além disso, o desconforto, o sofrimento e os riscos associados à recolha de SPM, podem ser evitados se SCU autólogo estiver disponível. O SCU tem sido reconhecido como uma boa fonte de CEH, no entanto, a experiência de transplantes autólogos de SCU em crianças com neoplasias malignas é ainda limitada e por isso mais trabalho precisa de ser realizado.
No futuro, com o aumento da taxa de armazenamento de SCU em bancos familiares, prevê-se que haja mais oportunidades para o transplante com SCU autólogo.